quarta-feira, 19 de maio de 2010

CPTM Traz para os paulistanos uma viagem no tempo na Virada Cultural 2010 em São Paulo

Oi pessoal,

Com muito orgulho venho postar algumas fotos e um pouquinho do que aconteceu na Virada Cultural 2010 em São Paulo no último fim de semana, 15 e 16 de Maio.

A CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) embarcou de volta ao tempo e presenteou os paulistanos e todos que estiveram nesta edição da virada com o projeto 'trem das onze - 100 anos de Adoniran Barbosa'.




Poucas horas antes das 11hs da noite da sexta feira ja podia se ver as ruas no entorno da estação da luz sendo tomadas por gente de todas as tribos e todos os looks.


Parte do Côro Cênico Bossa Nossa que abrilhantou o projeto da CPTM na Estação da Luz


Cheguei por volta das 20hs na estação para acertar os ultimos detalhes, fazer o aquecimento vocal e conhecer um pouquinho do local. A arquitetura da estação da luz, que lembra bastante a Inglaterra após a segunda guerra mundial, trouxe um toque especial para nossa roupa.

O projeto 'trem das onze' serviu para homenagear um dos maiores nomes do Samba paulistano - Adoniran Barbosa'. Em alusão à música, talvez mais conhecida do compositor, trem das onze, nos dias 15 e 16 um trem saia da estação da luz à estação do Brás, sempre de hora em hora, levando os passageiros a uma viagem no tempo.

Na estação do Brás um grupo de teatro se apresentava contando a história das malocas inspirado nos programas de rádio na década de 50.






Na ida íamos cantando. E na volta descansavamos. Em cada vagão havia um grupo se apresentando. Era nítida a alegria em alguns olhares, principalmente dos mais idosos que foram embalados ao som de Adoniran na decada de 60. Jovens, idosos, crianças, a estação da luz foi tomada pelo samba de Adoniran. Um eco se ouvia nos corredores toda a vez que o trem estacionava e aquela multidão saia dos vagões cantando saudosa maloca, trem das onze e samba do arnesto.


No domingo foi a vez de viver, juntamente com meus amigos Bosseiros, do côro cênico Bossa Nossa (Ribeirão Preto/SP) a emoção de cantar para o próprio Arnesto o samba feito pelo Adoniran especialmente para ele 'samba do arnesto'. Assistam o vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=mK-eAILMeuU).



Aos 96 anos, Sr Arnesto, que na verdade se chama Ernesto, possui uma memória invejável e é capaz de contar com riqueza de detalhes como conheceu Adoniran Barbosa.

A parte que mais nos emocinou foi exatamente essa, em que Arnesto lembrou com lágrima nos olhos a saudade de seu amigo Adoniran Barbosa.

Foi um momento único em que pude conhecer outros trabalhos de outros artistas. Foram 2 dias inesquecíveis. Houve uma troca muito positiva de energia artistica naquele lugar. A estação da luz transformou-se num palco onde novamente Adoniran Barbosa foi imortalizado.

Vejam mais vídeos no youtube:

(esse vídeo é da apresentação na íntegra do Bossa no trem das 11)
http://www.youtube.com/watch?v=jOrVebcUZCQ&playnext_from=TL&videos=w2tb1XH2S3E

(esse vídeo é do Bossa cantando com o Arnesto na estação da luz no Domingo de manhã)
http://www.youtube.com/watch?v=bteATAN6LzU&playnext_from=TL&videos=PkQpOJZmnpc

(esse vídeo é do Bossa cantando com o Arnesto dentro do trem exatamente as 11hs no trem das onze)
http://www.youtube.com/watch?v=mK-eAILMeuU

(esse vídeo é da muvuca musical na volta do Brás a estação da Luz. Todos os artistas num único vagão cantando Adoniran Barbosa)
http://www.youtube.com/watch?v=eZLFDUVXwis

Beijo no coração de todos!

Dani.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Nada de interação; o negócio é sério!




Poucos dias atrás estava procurando uma imagem de deuses da mitologia grega para ilustrar um artigo que escrevia para uma revista educacional.
A cada link que abria mais distante ficava daquilo que buscava. As imagens que me surgiam remetiam homens lindos, sarados, depilados, peludos, brancos, negros, quase que a granel.
Não vou negar que uma imagem me chamou a atenção. Um loiro lindo de morrer! Era um blog. Entrei, e comecei a ler os artigos daquele jovem rapaz que saberá Jesus deve estar até agora postando fotos de homens que ele mal conhece com os músculos trincados. Comecei então a ler alguns artigos do blog..., que para minha infelicidade não tinha nada a acrescentar.
Isso me fez parar e refletir sobre o universo Gay, o meu universo, digo isso sem nenhuma vergonha.
Já prestaram atenção nas paradas gays que rolam pelo mundo? Pergunto: aonde é que esta o respeito nisso tudo? Homens exibem seus corpos esculturais (a maioria, creio eu, Bi ou Heterossexual) que saem nas ruas não para reivindicar os nossos direitos como cidadãos, como pessoas, mas para exibirem seus músculos talvez na esperança de alcançarem o flash de algum fotógrafo ou revista e se darem bem como a jovem Geyse Arruda, aquela do vestidinho vermelho curto que foi rechaçada pelos colegas da Universidade e semanas depois foi parar numa participação do programa global Casseta e Planeta.
Mas você pode pensar: ‘quem é que não gosta de ver um homem ou uma mulher saradíssimos? Respondo: todo o mundo gosta até eu mesmo gosto.
O problema é quando esse despertar da libido sufoca o real motivo de uma causa.
O que encontrei no blog desse propagador de corpos masculinos não é diferente do que encontramos muitas vezes no universo gay: a interação em primeiro plano.
Um dos posts no blog apresentava dois homens nus, um negro e um branco, fazendo um 69 e o comentário da foto foi no mínimo confuso.
O cara não sabia se falava de preconceito, de músculos, de barriga tanquinho, de pêlos ou de depilação, de amor, de posições camasutras e por ai vai...e finalizou com a simples frase: ‘um dia ainda acho alguém assim que me sirva na cama’. Ele só não disse que tipo de serviço seria o tal ‘me sirva’.
Enfim, gostaria de despertar a consciência da comunidade gay para refletirem sobre ‘como e de que forma levantamos nossa bandeira’.
Será que nossa luta se confunde com direitos humanos ou corpos de homens sarados? O que fará mais falta em nossas paradas? Nossa bandeira do arco-íris ou os modelos de sunga em cima dos carros elétricos?
O rapaz do blog ao qual me referi, termina a postagem da foto que citei dessa forma: ‘nada de preconceito o negócio é interação’, fazendo alusão a foto entre um negro e um branco.
Repito, homem sarado é muito bom, mas priorizar esse estereótipo como símbolo de nossa comunidade não despertará em nossos governantes a seriedade com que tanto lutamos para a conquista dos nossos direitos civis.
Se quisermos ser tratados com igualdade ao ponto de vivermos com nosso parceiro livremente pelas ruas de dar-lhes direito de alguma coisa quando não mais estivermos vivos, ou termos a segurança em construirmos nossa vida ao lado de alguém que amamos, aconselho deixarmos mais de lado a interação dos corpos sarados exibidos ao som da música eletrônica e impormos mais nossa posição de seres humanos que somos, arqueados de sentimentos e desejos como qualquer outro hetero, bi, transexual ou simpatizante, além dos direitos e dos deveres para com a sociedade, inclusive a de pagar nossos impostos como todo ‘casal normal’.
Em matéria de lutarmos pelo que queremos, nós comunidade gay do Brasil, a frase é essa: Nada de interação, o negócio é sério.

Abraços e até a próxima!
Daniel Silva